quarta-feira, 30 de julho de 2008
manu_negra
canecalônico,
estrambonático,
atropelático,
pratofilônico,
antropofágico...”
as palavras se relacionam comigo de uma maneira tensa
quero explodi-las
até o final da minha vida
este é o fio condutor de me’u artefato semântico
1’a explosão de signos
1’a semiose ilimitada
1 kamikaze lingüístico explode a língua dominante
ao som de
1 disco do João
algo assim:
“1 OVN da linguagem”
em sua guerra nas estrelas de olho nu
ao lad’oculto da LUA
negra & negro como a BELEZA
vamos tencionar as palavras até sua morte invisível
torná-las cadáveres de um dicionário
aos vivas à fotografia
à música
ao teatro & ao Cinema
quanto à LITERATURA
ela me mata ou e’u morro com ela
nas trilhas nasais do espaço poético
POESIAPOESIA' POESIA
http://www.fotolog.com/manu_negra
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Cidades Sem Pátria
Tiros que gorjeiam
rasantes
à procura
de donos servis.
Fuzis ao caminho
da guerra
cotidiana
pátria desalmada
que de teus filhos
dizima
em seriados seriais
eletrônicos reais.
Ruas que serpenteiam
um jogo
de quedar-se inerte
na calçada da fama
dos mortais
recém-mortos
em tuas margens plácidas
de outrora.
Fugir à luta
retumbante
salve, salve,
criatura.
E o sol da liberdade
em raios cancros
cingem de vermelho
o céu da cidade
em instantâneos
eternos
congelados.
Fogem teus filhos
da luta que não escolhemos
pra nós.
Ana Paula Perissé
sexta-feira, 25 de julho de 2008
O Teu Sorriso
Elas me dóem porque endureceram em mim. Nem me lembro de quando. Tempo é coisa estranha.
E aí me aparece um menino a acreditar na vida. Descoberta também de tempos idos.
Este menino soltava pipa na rua, fazia algazarras e espiava por detrás de frestas os saiotes das meninas da escola. Um dia, se mudou para perto do mar, e de lá construiu palácios de areias duradouras.
Dizia pra ele "vem cá garoto, você não acredita em mim e nem no que vou ser; você está certo, e eu também "; ao que me respondia com um sorriso que me deixava com o chave do deciframento nas mãos.
" Este garoto não sabe é de nada, tão novo e eu, burra velha, a lhe dar atenções..."
Dizia-lhe que gostaria de ser, apenas ser, eu não sabia o quê era ser ao certo. O menino me ouvia com atenção, depois o sorriso. Aí, danava tudo e eu ficava enfurecida.
Ele é um menino e tem cara que sabe mais, pois já deve ser alguém na vida. Menino. E eu?
Eu fiz tanta coisa, mas não morei perto do mar. Meus castelos duravam poucos, por isso mesmo. Eles não sobravam como os dele.
Construí palácios e fiquei perdida. O menino me olhava e me sorria. Ficava fula da vida. Me dá um norte, garoto que tá crescendo!
Ele ainda não chegou à adolescência. E eu fiquei mais velha. Mais ou menos, sei lá.
Pensei no sentido da vida quando ele não me visitou mais. Foi embora, se mudou de mala e cuia. Não me falou sobre seu destino.
Mandei uma carta dizendo que fazia doutoramento em universidade reconhecida pakas e que minha dissertação de mestrado fora indicada para virar livro, mas que nenhuma editora o fez ou se interessou... Ainda? Aquele sorriso, hoje, me ensina que há espectrum verde no arco-íris sem baldes de pote de ouro no final.
Hoje sei o quê quero ser, quase na beira da idade de Balzac: escrevinhadora e aprendiz de professora.
Lembro-me sempre de seu sorriso.
O sorriso dos meninos
domingo, 20 de julho de 2008
Passagens Utópicas: Narrativas da Sobra e da Imprecisão
De tudo que me é escolhido
por obra de estranho destino
resta-me persistir em palavras no escuro.
Meus pertences,
que me são?
Tudo que tenho é continuar escrevendo.
a quem, se te existes?
para quê?
Escrever é uma forma de flanar
Quiçá,
de sobrar
em sonhos reais.
Quando era mais nova desejava muito escrever. Nunca porém encontrava tema e forma à altura de um respeitoso leitor ( todos os leitores são criaturas respeitáveis). Se o Outro não me deseja
como escrevinhadora, há morte anunciada para deitar-me, convocando-me à dor de sentir o nada. No entanto, hoje percebo que a confusão me acalma porque ela só me violenta ou me acalenta na ausência de sentido.
Aos Outros, um dia, saberei o quê falar.
Mesmo como doutoranda (muralha ainda mais esmagadora), agora. O tempo é este.
“Sem consideração, sem piedade, sem pudor
Grandes altas muralhas em torno de mim construíram.
E agora estou aqui e me desespero.
outra coisa não penso:este divino devora meu espírito;
porque muitas coisas lá fora eu tinha que fazer.
Ah! Quando construíram as muralhas,
Como não dei atenção? [...]
No nosso desejo de ser/estar e sentir no mundo contemporâneo? Espaço aberto para reflexão.
Transponhemos muralhas, pois, herculeamente... UMa conocação pessoal...
Não, não serão mais construídas, tão altas ou fora do escopo de nossa atenção crítica, recheada de razão sensível!
Ah! Os sonhos diurnos de Ernest Bloch....
Decifrarei Passagens de Benjamin
como que se aqui Walter se assombrasse
tal como o fez em paris do século XIX...
Território internético
do não lugar... o quê fazemos aqui?
trocas? mais? de que substancia?
É lócus para utopia?
Existem lectores salteados a produzir sentidos?Que fazemos nós (n)deste lugar?
Nós, netzens?
E eles, excluídos digitais? Aonde?
Interação entre estes mundos?
Não, não quero reflexões utilitaristas, descrições cientificizantes...
busco novas paisagens
para ciber-passagens.
Sem título
Ensaio sobre a cegueira – José Saramago
Os passos são pesados,
tão duro pisar no chão uniformemente,
há sempre uma quina,vários caminhos e muitas esquinas.
Encontrar-se e perder-se,
constuir, desconstruir, reconstruir.
Passos largos para uma vida estreita,
passos curtos para uma vida ampla...
A finitude do sem fim e o infinito do fim...
Com permissão querido Bloch,
VIVER É TRANSPOR: a episteme é fruto de inteligência e de amor.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
O Retrato do Cidadão Enquanto Nada
Tem dois filhos que deixa por período integral no melhor colégio de seu bairro ou na escola cuja estratégia de marketing promete que seus rebentos serão empreendedores do futuro próximo. Vencedores.
Trabalha cada vez mais sem receber hora extra para poder mais consumir. Sua eficiência no emprego lhe retira ânimo para estar em plenitude consigo e com sua família. Será promovida mês que vem.
Seu marido está desempregado apesar de sua qualificação.
Janta vendo Jornal Nacional para se informar. A comida tem gosto de Fátima e Bonner ou Hommer? Entre o desfile de notícias, vem-lhe a apatia que desconhece.
Acredita que próteses de silicone lhe farão a auto-estima brotar tal como uma semente vira uma jabuticabeira florida que atrai passarinhos do além -mar.
Sente-se mal porque está acima do peso.
Prefere cirurgiões plásticos a psicanalistas.
Tem seguro de saúde e não se interessa pela precariedade do atendimento público.
Passeia em shoppings durante os finais de semana e troca de carro e celular todo ano ou até a próxima campanha de comunicação lhe seduzir com fantasias oníricas de velocidade, charme e sucesso.
Sapatos, compra três a cada temporada ou estação? Parcelas de cartão de crédito pululam de mês em mês.
Uma atitude reflexiva através do hábito da leitura fora da esfera de best-sellers e livros de auto-ajuda é mundo alienígena, distante ou inexistente. Que é isso? Pra quê? Por que perder tempo?
Time is money. Reflexão gasta tempo.
A violência urbana lhe garante um carro blindado com insulfime. O condomínio onde mora tem seguranças e cerca elétrica.
A miséria e o desconforto do Outro ficam esvanecidos diante de suas córneas que não desejam enxergar.
O Outro é uma entidade abstrata se não lhe atinge. Quem leva porrada está longe e desconhece que apanha em seu íntimo. Sobras, para onde resvalam?
Os tiros, o desemprego, o sangue, a nova inflação, a insegurança, perpassam cabeças, memórias, famílias, raízes, histórias de vida. Que faço com isso?
Micropolíticas, a reflexão e a práxis na esfera da comunidade, mobilização. Coletividade. Categorias desconhecidas e fadadas ao nada. Um "nada de governo que tudo procura governar." ( Heliana Conde in Direitos Humanos? O Que Temos a ver Com Isso?, CRP)
Valentina constrói seu casulo.
Virou uma minhoca à espera do vôo. Para onde?
Dubai.
Miami.
Consumo e ilusão de segurança, um presente extendido e a-histórico.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
A Bárbarie Nos Reduz Ao nada
um carro foi cravejado por balas de fuzil
pela polícia militar do Rio de Janeiro.
Abaixo da varanda de minha casa
uma mãe em dor insuportável
gritava por seu filhos,
um deles atingido,
dentro de seu carro.
Da varanda de minha casa
para onde se debruça a janela
do quarto de meu filho
nos jogávamos ao chão
tentando nos proteger
do absurdo
do sem-sentido
daquilo que nos cala
em tremores de alma
e nos estremece.
Da varanda da minha casa
não sou cidadã
tampouco sou alguém;
tenho medo de nos alijarem da condição de sermos
apenas
seres humanos.
domingo, 6 de julho de 2008
O Ato de Amor em Acolher A Pessoa Falecida Dentro de Si.
À Ana Maria Feijoo
sábado, 5 de julho de 2008
Divagações de um sábado de inverno
Incrível como a vida de alguém pode ser definida nos detalhes mais simples. A escolha mais ingênua.A ousadia de uma afirmação.O medo proclamado com um "não".
Afinal,quem entre nós tem a certeza que está indo ao encontro de sua felicidade? Definir esse sentimento pode ser um ato tão frustrante...Felicidade pode ser um instante de glória personificada, aperceber-se de um talento, sentir-se útil, ler um poema e se identificar com uma sensação, ver um filme e sair com a alma alimenta de um ideal, resgatar o turbilhão de esperanças de quando você era mais novo.
Reencontrar seus verdadeiros amigos e aceitar que o tempo passou e vocês mudaram. Isso sendo bom ou ruim não importa, mas aceitar o fato de que vocês mudaram é felicidade. Olhar para o passado e poder se orgulhar do que viveu. Ter a sensação mágica de que o futuro é um ente inesperado e que a qualquer momento se abrirão possibilidades e acontecimentos da onde você menos espera.
O grande barato da felicidade é que dependendo do nosso olhar, ela não se esgota nunca, nem pode ser definida a priori por ninguém. Assim, ela pode ser aquela vontade intrínseca de se questionar a respeito de nossas escolhas. Aquela dúvida metafísica a respeito de quem somos. Pode ser a busca incessante, feérica e muitas vezes cruel da nossa verdadeira necessidade ou até mesmo aquela cinematográfica dificuldade que abala nossas entranhas quando temos que assumir um desejo. Escolhas decisivas são sempre perturbadoras e encantadoramente poéticas. A dor catártica de uma rejeição que revolve valores ainda não estruturados dentro da gente. Um amor, um remorso, uma utopia, um desespero, uma dúvida: Tudo pode estar no campo minado da felicidade, basta estarmos preparados para percebê-la.
Os vencedores desse desafio são sempre aqueles que conseguem enxergar além daquilo que nos é imposto como sendo bom ou ruim, certo ou errado. Mesmo não sabendo o que isso realmente significa, eles instintivamente vivem.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
O Palácio das Idéias Mal-Feitas
Se literatura para Sartre é e deve ser engajada, penso que devo me esconder num santuário de tentativas que não se fazem ou que não se concretizam.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Dobras do Cotidiano
Somos trígono de existentes
em busca do mundo como inspiração.
Seja na crueza
Trígono vagante
Não queremos respostas
GRITA
contra o medo
e de sentimentos