sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Palácio das Idéias Mal-Feitas

Substratum - Thomas Ruff


"As palavras são pistolas carregadas." Sartre.


Se literatura para Sartre é e deve ser engajada, penso que devo me esconder num santuário de tentativas que não se fazem ou que não se concretizam.


Ainda, posto que todos os meus vermes verborrágicos quase revolucionários estão em fila de espera de um vômito redentor e apaixonado.


Falo de uma paixão que é resultado da liberdade que arranco da pele em carne viva e que me atira aos leões ao me colocar à prova de, provavelmente, não levar sentido algum ao não lector que ( não) me lê.


Esta paixão é construída pela existência neste tempo presente e que se transforma em revolta miserenta deste mundo asséptico de idéias mobilizadoras.


A zona de conforto de muitos é pura urticária ou dermografismo para mim. Ardência de pele porque me sinto inessencial ao saber-me não criadora, porque clamo por uma capacidade última de ultrapassar esta contingência de "inessencialidade"...


Lanço-me à singularidade de um texto que está voltada visceralmente à alteridade de quem vai produzir um desdobramento qualquer a partir de qualquer ponto de imflexão porque prefiro idéias incompletas do que a significação ilusória da facilidade dos textos em profusão.


Não, não há progresso nas artes.

Não, não há propósito nestas linhas a não ser provocar o desconforto que gera acção, uma experiência entre dois seres libertos, duas liberdades sem conflito mas em tumulto porque no fervilhamento da reflexão.


Queria provocar descontentamento, desilusão, inquietação na leitura que é puro acto de generosidade, onde meu amor é um apelo a que outrem livremente me ame, as palavras, mesmo que mal-feitas.



Tia Délirante é uma vagante. uma nota pessoal, do registro da singularidade.

Um comentário:

Ma belle disse...

Dá-lhe Sartre, dá-lhe querida Lumet. Sempre inspiradíssima!