As amarras da minha memória se desmancham com o tempo, aos pouquinhos.
Elas me dóem porque endureceram em mim. Nem me lembro de quando. Tempo é coisa estranha.
E aí me aparece um menino a acreditar na vida. Descoberta também de tempos idos.
Elas me dóem porque endureceram em mim. Nem me lembro de quando. Tempo é coisa estranha.
E aí me aparece um menino a acreditar na vida. Descoberta também de tempos idos.
Todos os meninos alçam vôos na prelúdio de suas vidas, só depois é que se deixam amarrar. Quase todos.
Este menino soltava pipa na rua, fazia algazarras e espiava por detrás de frestas os saiotes das meninas da escola. Um dia, se mudou para perto do mar, e de lá construiu palácios de areias duradouras.
Dizia pra ele "vem cá garoto, você não acredita em mim e nem no que vou ser; você está certo, e eu também "; ao que me respondia com um sorriso que me deixava com o chave do deciframento nas mãos.
" Este garoto não sabe é de nada, tão novo e eu, burra velha, a lhe dar atenções..."
Dizia-lhe que gostaria de ser, apenas ser, eu não sabia o quê era ser ao certo. O menino me ouvia com atenção, depois o sorriso. Aí, danava tudo e eu ficava enfurecida.
Ele é um menino e tem cara que sabe mais, pois já deve ser alguém na vida. Menino. E eu?
Eu fiz tanta coisa, mas não morei perto do mar. Meus castelos duravam poucos, por isso mesmo. Eles não sobravam como os dele.
Construí palácios e fiquei perdida. O menino me olhava e me sorria. Ficava fula da vida. Me dá um norte, garoto que tá crescendo!
Ele ainda não chegou à adolescência. E eu fiquei mais velha. Mais ou menos, sei lá.
Pensei no sentido da vida quando ele não me visitou mais. Foi embora, se mudou de mala e cuia. Não me falou sobre seu destino.
Mandei uma carta dizendo que fazia doutoramento em universidade reconhecida pakas e que minha dissertação de mestrado fora indicada para virar livro, mas que nenhuma editora o fez ou se interessou... Ainda? Aquele sorriso, hoje, me ensina que há espectrum verde no arco-íris sem baldes de pote de ouro no final.
Hoje sei o quê quero ser, quase na beira da idade de Balzac: escrevinhadora e aprendiz de professora.
Este menino soltava pipa na rua, fazia algazarras e espiava por detrás de frestas os saiotes das meninas da escola. Um dia, se mudou para perto do mar, e de lá construiu palácios de areias duradouras.
Dizia pra ele "vem cá garoto, você não acredita em mim e nem no que vou ser; você está certo, e eu também "; ao que me respondia com um sorriso que me deixava com o chave do deciframento nas mãos.
" Este garoto não sabe é de nada, tão novo e eu, burra velha, a lhe dar atenções..."
Dizia-lhe que gostaria de ser, apenas ser, eu não sabia o quê era ser ao certo. O menino me ouvia com atenção, depois o sorriso. Aí, danava tudo e eu ficava enfurecida.
Ele é um menino e tem cara que sabe mais, pois já deve ser alguém na vida. Menino. E eu?
Eu fiz tanta coisa, mas não morei perto do mar. Meus castelos duravam poucos, por isso mesmo. Eles não sobravam como os dele.
Construí palácios e fiquei perdida. O menino me olhava e me sorria. Ficava fula da vida. Me dá um norte, garoto que tá crescendo!
Ele ainda não chegou à adolescência. E eu fiquei mais velha. Mais ou menos, sei lá.
Pensei no sentido da vida quando ele não me visitou mais. Foi embora, se mudou de mala e cuia. Não me falou sobre seu destino.
Mandei uma carta dizendo que fazia doutoramento em universidade reconhecida pakas e que minha dissertação de mestrado fora indicada para virar livro, mas que nenhuma editora o fez ou se interessou... Ainda? Aquele sorriso, hoje, me ensina que há espectrum verde no arco-íris sem baldes de pote de ouro no final.
Hoje sei o quê quero ser, quase na beira da idade de Balzac: escrevinhadora e aprendiz de professora.
Não sei se tenho o que ensinar ou escrever. Alunos e lectores merecem todo o meu respeito.
E cada um desses caminhos me dóem como pancada de criança em brincadeira de queimado.
Lembro-me sempre de seu sorriso.
O sorriso dos meninos
Lembro-me sempre de seu sorriso.
O sorriso dos meninos
pais,
todos eles
que se foram
à viagem de todos nós.
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