terça-feira, 2 de setembro de 2008

Abismo da Beleza Nua

Blue Nude, 1902, Picasso

A José Castello, inspiração, sempre.

"Há um quê de abismo

em cada respiração
como se a dúvida
da Queda
martelasse
para a Vida
em minha sôfrega
existência.

Suspiro de ausências
me preenche
do inútil
que me inventa"


Há um estremecer em nosso interior. Sempre.
Sombras e imagens que se desfazem sem o sabermos
sou uma sombra de mim
em instantes
ou um simulacro de imagem
que não se sustenta sob luz bruxulenate projetada numa parede áspera?

Para quê ser poeta?

Para ler aquilo que ainda está para ser escrito
inútil
se não transformado em sombras de nós.
O mundo é emaranhado de possibilidades de lecturas.
A Ciência lê com razão e técnica coladas num real chapado.
A Magia, o encontro celebratório da vida no cotidiano, lê com alma.
O terapeuta, lê emoções flutuantes entre 4 paredes.

e o poeta
nada lê.
não se propõe
poque sabe que há resquicíos no silêncio inaudito
maldito
que reina
incompreensível
para nós.

E não pergunto à vida
vou à rocha observar seu canto
lasca imprestável
de um zumbido de vida.
Mas o quê existe
insiste
e lá fica a nos rodear
com sua beleza
a imensidão incontida
em nós
e no mundo.

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